segunda-feira, 21 de julho de 2014
No céu, com estrelas e diamantes
(Fundação Planetário) Todos os elementos químicos são produzidos no interior das estrelas. Os mais pesados provêm de estrelas mais antigas, que se tornaram supernovas. Estes elementos contaminam o espaço interestelar e acabam por entrar na confecção de outras estrelas mais jovens. Entre os elementos encontrados em estrelas de segunda ou terceira geração está o carbono. Este elemento vital para a nossa forma de vida tem algumas características interessantes. Dependendo de como os átomos se arranjam, podemos ter uma substância macia como o grafite ou duríssima como o diamante.
Em 1960, previu-se teoricamente que existissem estrelas com núcleos cristalizados de carbono. Em 1992, o astrônomo brasileiro Kepler de Oliveira (do Departamento de Astronomia do Instituto de Física da UFRGS) calculou a densidade e a composição química da estrela anã branca, denominada BPM37093, a partir de sua variação luminosa. Na época chegou-se à conclusão de que ela era feita de um cristal de carbono contaminado de oxigênio. Quimicamente falando, isso é um diamante. Um diamante muito grande mesmo.
Em 2004, astrônomos do Centro de Astrofísica do Harvard-Smithsonian e um brasileiro, Antonio Kanaan, confirmaram ainda mais os cálculos de Kepler usando técnicas de astrossismologia. Estes estudos confirmaram o seu diâmetro em 1,5 quilômetro. Esta estrela fica a 50 anos-luz da Terra e se encontra na constelação de Centauro. Nesta época, sugeriu-se chamar a estrela de Lucy como referência à canção dos Beatles: Lucy in the sky with diamonds.
Recentemente, uma equipe da Universidade de Winconsin-Milwaukee publicou um artigo no Astrophysical Journal sobre outra estrela-diamante a 900 anos-luz na constelação de Aquário. Quem diria? O céu está cheio de diamantes!
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