Descoberta leva os pesquisadores a repensar suas ideias sobre como as partículas cósmicas são aceleradas
(Estadão) A Nebulosa do Caranguejo, uma das nossas vizinhas mais conhecidas e mais estáveis, está chocando os cientistas com sua propensão a erupções de raios gama pelas partículas mais energéticas já ligadas a um objeto astronômico específico. A descoberta, relatada nesta sexta-feira, 7, por cientistas trabalhando com dois telescópios em órbita, leva os pesquisadores a repensar suas ideias sobre como as partículas cósmicas são aceleradas.
"Estamos chocados", disse Roger Blandford, que dirige o Instituto Kavli de Física de astropartículas e Cosmologia. "É um objeto emblemático", ele disse; também conhecida como M1, a Nebulosa do Caranguejo foi o primeiro objeto astronômico catalogado em 1771 por Charles Messier. "É importante historicamente e estamos fazendo uma descoberta surpreendente sobre ele."
Os pesquisadores utilizaram o Large Area Telescope (LAT), um dos principais instrumentos a bordo do Telescópio Espacial Fermi de Raios Gama , para confirmar uma erupção e descobrir mais uma. O trabalho foi apresentado hoje na Science Express online.
A nebulosa, e a estrela de neutros que gira rapidamente e dá força ao objeto, são restos da explosão de uma supernova documentada pelos astrônomos chineses em 1054. Depois de derramar muito de seus gases e poeira, a estrela entrou em colapso e se tornou um pulsar, uma bola de nêutrons super-densa que gira rapidamente e emite um pulso de radiação a cada 33 milissegundo, como um relógio.
A quantidade de energia que o pulsar libera é enorme, iluminando a Nebulosa do Caranguejo até que ela brilhe 75.000 vezes mais que o Sol. A maior parte dessa energia está no vento de partículas, de elétrons e Pósitrons que viajam perto da velocidade da luz. Esses elétrons e pósitrons interagem com os campos magnéticos e fótons de baixa energia para produzir a famosa poeira brilhante que confundiu Messier com um cometa há 300 anos.
As partículas são até mesmo suficientemente fortes para produzir raios gama que o LAT normalmente observa durante suas varreduras habituais do céu, mas essas partículas não causam erupções dramáticas.
Cada uma das duas erupções que o LAT observou durou dias antes que a nebulosa retornasse leituras anormais de raios gama. De acordo com Funk, a curta duração das erupções aponta para pontos de radiação síncrotron ou radiação emitida por elétrons acelerando no campo magnético da nebulosa como a causa.
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sexta-feira, 7 de janeiro de 2011
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