(Live Science / Hypescience) Um grupo de astrônomos está planejando algo ambicioso e sem precedentes – capturar a primeira imagem de um buraco negro.
Os pesquisadores querem construir um instrumento virtual do tamanho da Terra, o Telescópio “Event Horizon”. Ele será uma rede mundial de telescópios de rádio poderosos o suficiente para fazer a primeira imagem de um buraco negro massivo no centro da Via Láctea.
“Ninguém até hoje tirou uma foto de um buraco negro”, comenta Dimitrios Psaltis, da Universidade do Arizona. Psaltis foi um dos organizadores de uma conferência para organizar esse projeto.
Os buracos negros são estruturas exóticas com um campo gravitacional tão poderoso que nada escapa – pelo menos é o que diz a opinião comum entre os cientistas.
Sobre a ideia de fotografar um buraco negro, Sheperd Doeleman, o principal cientista do projeto, afirma que “mesmo há cinco anos esse propósito não seria credível. Agora temos tecnologia para isso”.
Doeleman e sua equipe querem criar uma rede com até 50 telescópios de rádio, espalhados pelo mundo, que vão trabalhar em conjunto para conseguir o desejado.
“Na realidade, estamos fazendo um telescópio virtual com um espelho do tamanho da Terra”, comenta Doeleman. “Cada telescópio de rádio vai funcionar como uma pequena porção de um grande espelho. Com pedaços de prata suficientes, podemos ter uma imagem”.
A equipe planeja apontar o super telescópio para o buraco negro no centro da nossa galáxia, que está a cerca de 26 mil anos-luz e tem a massa de quatro milhões de sóis.
Isso é muito grande, claro. Mas, de acordo com os pesquisadores, focalizar esse objeto, a tanta distância, é equivalente a localizar uma fruta na superfície da lua.
“Para ver algo tão pequeno e tão longe, você precisa de um telescópio muito grande, e o maior que você pode ter é transformando a Terra em um”, comenta Dan Marrone, do Observatório Steward.
Os pesquisadores esperam capturar a imagem do contorno do buraco negro, ou sua “sombra”.
“Como poeira e gás ficam circulando em volta do buraco negro, antes de serem sugados, uma espécie de trânsito cósmico acontece”, afirma Doeleman. “Isso circula em volta do buraco negro como água em uma banheira, então a matéria é comprimida e a fricção resultante se torna plasma aquecido a bilhões de graus – que é energia que radia e pode ser detectada na Terra”.
A relatividade geral prevê que a sombra desse corpo celeste deve ser um círculo perfeito. Por isso, o projeto poderia ser um teste da venerada teoria de Einstein.
“Se encontrarmos a sombra do buraco negro oval, ao invés de circular, isso quer dizer a que a teoria geral da relatividade de Einstein é furada”, afirma Psaltis. “Mas mesmo que nós não encontremos nenhum desvio da teoria, todos esses processos vão nos ajudar a entender muito melhor os aspectos fundamentais dela”.
A equipe espera conseguir adicionar mais instrumentos com o tempo, o que iria oferecer uma imagem maior ainda do buraco central.
Cada telescópio vai gravar suas observações em discos rígidos, que serão enviados para uma central no Instituto de Tecnologia de Massachusetts.
Os telescópios de rádio, e não os ópticos, são as ferramentas certas para esse trabalho, porque as ondas de rádio conseguem penetrar na escuridão das estrelas, poeira e gás entre a Terra e o centro galáctico.
Nenhum comentário:
Postar um comentário