sexta-feira, 30 de março de 2012

Somos “filhos” das estrelas e ajudados pelas supernovas

Não poderíamos viver sem oxigénio, nem sem o carbono e o ferro que nos compõem. E qual a origem destes elementos que figuram na tabela periódica? São provenientes das estrelas. 



 (Ciência 2.0) “As estrelas massivas produzem [núcleos de] carbono, azoto, oxigénio e também o ferro”, explica Carlos Oliveira, astrónomo e coordenador do blogue AstroPT. Dentro de cada estrela existe um processo chamado nucleossíntese estelar. Elas sobrevivem através deste fenómeno e vão criando, de forma sucessiva, os vários elementos da tabela periódica. Mas só as estrelas massivas (com uma massa oito vezes superior à do sol), conseguem produzir núcleos mais pesados do que o ferro. A partir da criação deste elemento, “a estrela já não tem temperatura e pressão para fazer a reação nuclear de queimar o ferro", descreve o especialista.

Nesta fase, em vez de continuar a libertar energia - o que acontece durante a produção dos elementos mais leves - a estrela passa a consumi-la e acaba por colapsar e explodir. A esta explosão chamamos supernova e é graças à energia que ela liberta que se conseguem criar, através de violentas reações nucleares, outros elementos mais pesados da tabela periódica. Para além disso, as supernovas vão espalhar estes elementos pelo universo. Assim, podemos dizer que são uma das responsáveis pela nossa origem. Pois o ferro, juntamente com o carbono, por exemplo, ajudaram na criação dos vários planetas, inclusive da Terra. O ferro é o mesmo material de que é feita a Torre Eiffel ou aquele elemento central que está presente na hemoglobina que nos corre no sangue.

 As supernovas são fenómenos relativamente raros, mas fazem chegar todos estes elementos, espalhando-os pelo universo. Podem ainda dar uma ajuda na criação de novas estrelas. Como? O material cósmico que elas ejetam atinge nebulosas distantes, levando à formação de mais poeiras estelares e aumentando a força gravítica nesse local. Devido a uma nova série de reações nucleares e a uma atracção provocada pela gravidade que junta vários elementos, como o hidrogénio, assistimos à formação de mais estrelas. Contudo, são facas de dois gumes.

Se por um lado nos dão vida, pois produzem o carbono de que somos constituídos e de que o planeta Terra é composto e também o ferro e o oxigénio, elementos que nos são essenciais, por outro, caso aconteça alguma "num raio de 100 anos-luz, pode matar-nos em segundos”, salienta Carlos Oliveira. Estes conceitos foram defendidos, por exemplo, por Carl Sagan, cientista americano, que afirmou sermos “star stuff”, ou seja, tudo o que nos constitui é feito nas estrelas.
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E mais:
Somos das Estrelas (AstroPT)

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