segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Cientistas planejam criar, aqui na Terra, uma estrela “próxima da morte” para aprender mais sobre gigantes vermelhas


(Jornal Ciência) Tudo consiste em manipular elementos como hidrogênio, carbono e ferro a 1.500°C.

Os cientistas esperam aprender mais sobre a poeira interestelar, que é um ingrediente-chave para a criação de estrelas e planetas em nossa galáxia. No fim de suas “vidas”, estrelas moribundas pulsam, expandindo e contraindo de acordo com que seu combustível corre em suas “veias”.

A cada pulsação, a estrela expulsa nuvens de gás para o espaço que, eventualmente, são recicladas em uma nova geração de estrelas e planetas.

Fazer a contabilidade desse material estelar é complicado. Mas agora, os astrônomos acreditam que têm uma solução - eles querem criar uma estrela que está morrendo aqui na Terra. Em um projeto apelidado ‘nanocosmos’, os astrônomos espanhóis vão trabalhar com uma equipe de engenheiros para recriar a atmosfera de uma estrela moribunda, também conhecida como gigante vermelha.

O projeto de seis anos vai construir três máquinas de cinco metros de comprimento para criar grãos de poeira interestelar semelhantes às encontradas nas camadas mais externas de estrelas próximas da morte.

Para fazer isso, máquinas manipularão hidrogênio, carbono, oxigénio, silício, titânio, ferro e outros metais a 1.500°C.

No Centro de Astrobiologia da Espanha, o pesquisador José Cernicharo, disse ao jornal espanhol El Mundo que o projeto era ambicioso, mas perfeitamente possível.

"Em uma maneira de falar, queremos trazer uma estrela para o laboratório. Obviamente, é um objeto muito complicado", disse ele.

"Nós não estamos indo para reproduzir a própria estrela, mas apenas a sua atmosfera, o lugar onde a poeira interestelar é formada”. Gigantes vermelhas se formam quando uma estrela converte hidrogênio em hélio para produzir luz e outras radiações.

Ao longo do tempo, o hélio pesado afunda para o centro da estrela, criando um reservatório de hidrogênio em torno do núcleo de hélio.

O hidrogênio é esvaziado por isso não gera mais energia e pressão para suportar as camadas exteriores da estrela o suficiente.

Como a estrela entra em colapso, a pressão e aumento de temperatura ficam altas o suficiente para fundir o hélio com carbono. Para irradiar a energia produzida pela queima de hélio, a estrela se expande em uma gigante vermelha.

A equipe vai construir câmaras de simulação - duas na Espanha e uma na França - para estudar os diferentes processos físicos e químicos que fazem essas pequenas partículas de poeira interestelar serem encontradas do lado de fora de gigantes vermelhas.

"Os grãos de poeira que se formam em torno de estrelas moribundas (gigantes vermelhas, nebulosas planetárias e supernovas) são ejetados para o meio interestelar, onde, depois de milhões de anos, se misturam em novas nuvens interestelares que dão origem a novas estrelas e novos planetas, alguns rochosos como a Terra”, disse o professor Cernicharo. "Nós sabemos sua composição, mas não sua estrutura ou o processo fundamental que os formam”.

O professor Cernicharo disse que o projeto, financiado pelo Conselho Europeu de Investigação, poderia resolver alguns mistérios de longa data em torno da poeira cósmica.

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