sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

No rastro de uma estrela apressada


(Cesar Baima - O Globo) Enquanto nosso Sol acompanha calmamente a rotação da Via Láctea, levando cerca de 250 milhões de anos para completar uma órbita em torno de seu núcleo, algumas estrelas de nossa galáxia são verdadeiras corredoras, movimentando-se a velocidades que podem ultrapassar 4 milhões de quilômetros por hora em relação a suas vizinhas e em alguns casos tão rápido que podem até acabar por “fugir” da força gravitacional do conjunto galáctico, incluindo a da misteriosa matéria escura.

Singrando o espaço com estas velocidades estonteantes, ainda mais levando em conta sua grande massa, está a estrela Kappa Cassiopeiae, ou HD 2905. Com isso, Kappa Cassiopeiae provoca grandes perturbações no meio interestelar, que foram observadas pelo telescópio espacial infravermelho Spitzer, da Nasa, e marcam a volta dos posts de imagem da semana aqui no blog.

Na imagem do Spitzer, é possível ver a onda de choque gerada pela movimentação da estrela (no centro) a partir da interação de seu campo magnético e vento estelar com as tênues, e geralmente invisíveis, nuvens de gás e poeira que preenchem o espaço interestelar. E a forma como estas ondas de choque se iluminam em infarvermlho dão aos astrônomos pistas tanto sobre as características da estrela quanto do próprio espaço interestelar.

Neste caso, Kappa Cassiopeiae - uma estrela supergigante do tipo B, de brilho branco azulado e extremamente quente, com temperatura de superfície na faixa de 10 mil a 30 mil Kelvin (contra 5,8 mil K de nosso Sol) e localizada a 4 mil anos-luz da Terra na constelação de Cassiopeia, como seu nome indica - cria uma onda de choque a uma distância de cerca de 4 anos-luz à sua frente (aproximadamente a mesma que fica Proxima Centauri do Sol, a estrela mais próxima da nossa), revelando toda sua força.

Na imagem do Spitzer, a onda de choque de Kappa Cassiopeiae aparece em vermelho vivo, com delicados filamentos, também em vermelho, cruzando-a. Segundo os astrônomos, estes filamentos podem estar seguindo as linhas de força do campo magnético do espaço interestelar da Via Láctea, fornecendo uma rara oportunidade para observação de suas características, pois de outra forma seriam invisíveis.
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