sexta-feira, 18 de julho de 2014

A origem dos ‘Pilares da Criação’


(Mensageiro Sideral - Folha) Eles são uma das mais famosas e magníficas estruturas astronômicas já registradas: os chamados “Pilares da Criação”. Agora, um astrônomo acredita saber explicar como eles surgiram. E o processo parece ter menos a ver com criação do que antes se imaginava.

Scott Balfour, pesquisador da Universidade de Cardiff, apresentou seus resultados na semana passada, durante a Reunião Nacional de Astronomia organizada pela Royal Astronomical Society, no Reino Unido.

Os Pilares da Criação foram registrados pela primeira vez em 1995, numa imagem feita pelo Telescópio Espacial Hubble. Localizados no coração da Nebulosa da Águia, a 6.500 anos-luz de distância, eles são parte de um berçário estelar — uma região do espaço rica em gás e cheia de estrelas jovens.

Mas o que exatamente forma as protuberâncias gasosas visíveis na imagem? Segundo Balfour, tratam-se de esculturas produzidas pela emissão de radiação de estrelas massivas do tipo O, muito maiores e mais quentes do que o Sol.

Essas estrelas são marcantes pelo brilho azulado intenso e pela vida curta. Muito grandes, elas consomem seu combustível em alguns poucos milhões de anos, antes de explodir como supernovas. Pode parecer muito, mas é uma ninharia em comparação com o tempo de vida do Sol, que já brilha há 4,6 bilhões de anos e está apenas em sua meia-idade.

Balfour criou um modelo de computador da ação das estrelas do tipo O sobre o gás nas proximidades, simulando a evolução do sistema durante 1,6 milhão de anos. Claro, no computador esses anos passam bem mais depressa que na vida real. Ainda assim, foram necessárias várias semanas de tempo de computador para mastigar os dados e reproduzir o comportamento do gás ao longo do tempo.

Um dos desfechos possíveis, ele descobriu, é a formação de pilares como os vistos na Nebulosa da Águia. “O modelo reproduz belamente os mesmos tipos de estruturas vistos pelos astrônomos na imagem clássica de 1995, confirmando a ideia de que as estrelas de tipo O têm um efeito grandioso ao esculpir seus arredores”, diz Balfour.


E o que talvez seja mais interessante é que esse processo de evolução induzido pelas estrelas massivas em geral desfavorece o surgimento de outros astros na mesma região. Portanto, estruturas como os Pilares da Criação não costumam ser sintomas de um ambiente particularmente criativo, apesar de novas estrelas estarem se formando neles.

“Se eu estiver certo, isso significa que estrelas de tipo O têm um papel muito mais complexo do que antes imaginávamos ao conduzir uma nova geração de irmãs estelares à vida”, comentou o pesquisador.
----
Matéria similar no Hypescience

Nenhum comentário:

Postar um comentário