quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Anãs brancas podem originar supernovas


(Voz da Rússia) Provavelmente teremos de reescrever os manuais de astronomia. Cientistas russos, que fazem parte de uma equipe internacional, refutaram a ideia tradicional que as anãs brancas são as estrelas mais “calmas” e inertes. Afinal esses astros podem explodir quando entram em conflito com outras estrelas.

Foi uma explosão dessas que formou a estrela supernova registrada pelos astrônomos no início deste ano e que já ganhou popularidade. Os cientistas discutiram ativamente sua origem, mas não chegaram a nenhumas versões conclusivas.

A estrela supernova SN 2014J, descoberta por estudantes do Colégio Universitário de Londres (UCL) em janeiro, se tornou uma estrela em todos os sentidos. Inclusivamente em popularidade. Pelo menos as notícias sobre ela se mantiveram nas páginas dos jornais durante bastante tempo. Ela obrigou os cientistas a rever algumas das teorias astronômicas.

Antes se pensava que, quando as estrelas de dimensões comparáveis às do Sol esgotavam seu combustível, que mantinha as reações, seus núcleos se condensavam até ao tamanho da Terra, arrefecendo lentamente. As anãs brancas que se formam nesse processo foram durante muito tempo consideradas como as estrelas mais inertes e que não podiam explodir por si próprias.

Havia, contudo, uma série de pesquisadores que tinha a opinião que as estrelas comprimidas ainda podiam dar sinais de si, explodindo quando interagissem com outra estrela. Cientistas russos de vários centros de pesquisa de Moscou, incluindo o Instituto de Astrofísica da Academia de Ciências Russa, em conjunto com cientistas europeus do Instituto de Astrofísica Max Planck, provaram que as anãs brancas têm realmente um caráter explosivo.

Até agora os astrônomos não tinham provas suficientes da “cumplicidade” das anãs brancas no surgimento das estrelas supernovas. “As provas inequívocas deveriam ser os núcleos radioativos que surgem nas explosões termonucleares”, explicou o chefe da seção de estrelas não-estacionárias do Instituto de Astronomia e participante do projeto Nikolai Chugai. “Segundo a teoria, durante essas explosões o carbono e o oxigênio, presentes na anã branca, devem se fundir em níquel radioativo. Foi precisamente esse níquel que foi descoberto.” Mas não foi só esse níquel.

Sabemos que o níquel radioativo se deve decompor rapidamente até se transformar em cobalto radioativo, o qual com o tempo se decompõe em ferro estável. Os cientistas registraram vestígios de todas essas transformações sem exceção. Assim, a supernova SN 2014J é o resultado de uma explosão termonuclear de uma anã branca quando sua massa ficou igual a 1,44 da massa solar.

“Esse é o chamado limite de Chandrasekhar, no qual a anã branca perde a estabilidade e explode com uma dispersão completa do material”, diz o perito.

Agora os cientistas têm de perceber como a anã branca atinge essa massa crítica. As anãs brancas podem receber matéria de uma estrela próxima, supõem os astrônomos. Essa interação dá origem, no final, às estrelas supernovas.

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