segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Estrelas de sistema binário provocam explosões quando se aproximam

Paulo Garcia, investigador da FEUP, participa em estudo internacional



(Ciência Hoje - Portugal) Duas estrelas muito jovens, que formam um sistema binário, rodeadas de poeira e gás, provocam um evento explosivo quando estão no seu maior ponto de proximidade. Este fenómeno, nunca observado em estrelas com esta massa, foi agora descrito numa investigação internacional em que está envolvido Paulo Garcia, do Departamento de Engenharia Física da Faculdade de Engenharia Universidade do Porto. O estudo está publicado no «Monthly Notices of the Royal Astronomical Society». Em conversa com o «Ciência Hoje», o investigador explicou, a partir da imagem que se pode ver acima, as particularidades este sistema.

Na imagem (visão artística concebida a partir de observações feitas pelo Very Large Telescope Interferometer) “as duas estrelas estão no centro de uma região relativamente aberta de material, à volta dela da qual há um disco de material; essas estrelas têm uns arcos que são parecidos com os arcos magnéticos no Sol”.

Como as estrelas são muito jovens, têm um milhão de anos (o Sol tem cinco mil milhões), a sua actividade magnética é muito maior. “Têm uma magnetosfera muito grande”, explica.

“Como andam em órbita à volta uma da outra, fazem uma espécie de cavidade na parte interior do disco onde não há nada. Existem apenas umas espirais de material que caem do bordo interno do disco circumbinário para dentro”.

Durante a órbita, no ponto de maior proximidade, as suas magnetosferas tocam-se e liberta-se muita energia. “Nós descobrimos que no momento em que estão juntas existe uma emissão muito forte em riscas de hidrogénio. Essa explosão dá-se no momento de maior aproximação”.

É possível estimar o tamanho da magnetosfera para cada estrela e perceber que, de facto, elas se tocam, o que à partida não era óbvio. É a primeira vez que este fenómeno é observado em estrelas com esta massa, tendo já sido observado em estrelas com massa mais pequena.

Uma das imagens mais conhecidas da «Guerra das Estrelas» é quando se vê um ocaso com dois sóis. “Este sistema binário é um caso semelhante”, diz Paulo Garcia. À volta deste sistema, o disco continua mais ou menos intacto. “É um disco normal só que a parte interna foi escavada. Por isso, não estamos à espera de encontrar planetas aí; se existirem será devido a algum fenómeno esquisito”.

No entanto, “na parte externa circumbinária, os planetas podem formar-se normalmente porque todos os processos normais de formação planetária estão lá”.

É um sistema que está a formar planetas na órbita externa às duas estrelas. “Se tivéssemos num desses planetas, veríamos um por-do-Sol igual ao do filme”.

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